No mês de fevereiro, o roxo ganha destaque como símbolo de conscientização para diversas condições de saúde, e entre elas está a fibromialgia. Neste período, dedicado a aumentar a compreensão e promover o apoio aos pacientes, é importante refletirmos sobre os desafios enfrentados por aqueles que convivem com essa síndrome dolorosa e debilitante. 

Por que o tratamento para fibromialgia ainda é difícil?

A fibromialgia é uma condição de saúde complexa que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Caracterizada por dor crônica generalizada, fadiga, distúrbios do sono e outros sintomas, a fibromialgia é uma condição desafiadora de tratar. Acomete de 2% a 3% da população mundial e é mais frequente em mulheres. Um dos principais motivos para essa dificuldade é a falta de compreensão completa de sua causa. Como muitas das doenças reumatológicas, a fibromialgia não tem suas causas e mecanismos totalmente esclarecidos. O que sabemos é que a pessoa que tem a doença possui maior sensibilidade à dor e isso tem relação com o centro de dor no sistema nervoso. Desta maneira, nervos, medula e cérebro, fazem que qualquer estímulo doloroso seja mais intenso.

Como conseguir o tratamento para fibromialgia pelo SUS?

No Brasil, onde o Sistema Único de Saúde (SUS) desempenha um papel crucial na prestação de cuidados de saúde, conseguir tratamento para fibromialgia pode ser um desafio adicional para muitos pacientes. Embora o SUS ofereça algumas opções de tratamento, como medicamentos para controle da dor, fisioterapia e acompanhamento médico, a demanda frequentemente supera os recursos disponíveis. Isso resulta em longas listas de espera para consultas especializadas e procedimentos diagnósticos, dificultando o acesso aos cuidados necessários. Além disso, a infraestrutura limitada em algumas regiões do país pode resultar em disparidades no acesso aos serviços de saúde, deixando muitos pacientes com fibromialgia lutando para encontrar suporte adequado.

A boa notícia é que já foi aprovada uma lei, em 2023, que prevê que as pessoas que sofrem com a condição recebam atenção integral. A lei estabelece que, além de serem atendidos por profissionais das áreas de medicina, de psicologia, de nutrição e de fisioterapia, esses pacientes devem ter acesso a exames complementares, a medicamentos, a acompanhamento nutricional e a terapias reconhecidas.

Então saiba, que se você tiver algum desses direitos negados, você pode e deve recorrer. 

Primeiro passo: 

Faça uma solicitação por escrito no papel e protocole na Secretaria de Saúde e a sua cidade, ou se preferir, faça sem sair de casa a reclamação ao SUS, e use o site da Secretaria de saúde ou Ouvidoria do SUS. 

Segundo passo: 

Caso a reclamação não dê certo, guarde seu protocolo, e todos os documentos, prints, que usou na reclamação e conte com a ajuda de uma advogada da saúde para garantir os seus direitos. Essas provas serão de extrema importância para demonstrar que você tentou resolver de outra forma primeiro. 

E se meu plano de saúde se negar a cobrir o tratamento de fibromialgia?

Para aqueles que dependem de planos de saúde privados, a obtenção de tratamento para fibromialgia pode ser ainda mais desafiadora. Muitos planos de saúde se recusam a cobrir certos tratamentos para fibromialgia, alegando que são considerados experimentais ou que não há evidências suficientes para sua eficácia. Porém, não cabe ao plano de saúde decidir qual o melhor tratamento e, com isso, se recusar a prover os cuidados indicados pelo médico.

Muitas operadoras de saúde usam o argumento que o procedimento não está na lista da ANS, porém é considerado insuficiente e abusivo. A lista da ANS nada mais é que uma lista de procedimentos que obrigatoriamente devem ser cobertos pelos convênios. Os planos de saúde alegam que são obrigados a fornecer apenas os procedimentos contidos nessa lista. Contudo, o fato de o tratamento ou procedimento não constar na lista, não quer dizer que operadora esteja isenta de cobrir.

Nesses casos, conte com a ajuda de uma advogada da saúde, para recorrer a recursos legais e lutar por seus direitos.

Terapias alternativas para fibromialgia

Diante dos desafios associados ao tratamento convencional da fibromialgia, muitos pacientes buscam terapias alternativas para aliviar seus sintomas e melhorar sua qualidade de vida. Essas terapias podem incluir acupuntura, quiropraxia, massagem terapêutica, fisioterapia, terapia cognitivo comportamental e outras opções. 

Embora nem todas essas terapias tenham sido cientificamente comprovadas para tratar a fibromialgia, muitos pacientes relatam benefícios significativos em termos de redução da dor, melhora do sono, aumento da energia e melhor capacidade de lidar com o estresse. É importante que os pacientes discutam suas opções com um profissional de saúde qualificado e estejam cientes dos possíveis benefícios e limitações de cada abordagem. 

No final das contas, é fundamental que as pessoas que sofrem com a fibromialgia busquem o tratamento adequado. Se surgirem dificuldades para acessar esse tratamento, é importante lembrar que não estão sozinhas. Existem direitos e recursos disponíveis para ajudá-las a superar esses obstáculos. Se um plano de saúde ou até mesmo o Sistema Público de Saúde se recusar a cobrir determinados tratamentos, é preciso procurar um advogado especializado em direito à saúde para obter orientação.

É possível encontrar o alívio e o cuidado que você precisa para viver sua vida da melhor forma possível, mesmo enfrentando os desafios da fibromialgia. 

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