Em uma vitória significativa para os defensores da medicina alternativa, o canabidiol (CBD), um dos principais componentes da Cannabis sativa, agora faz parte do arsenal terapêutico do Sistema Único de Saúde (SUS) em São Paulo. Essa inclusão representa um marco na história da medicina brasileira, prometendo alívio e esperança para milhares de pacientes que sofrem de condições crônicas e debilitantes. No entanto, apesar desse avanço, muitos encontram barreiras que tornam o acesso ao CBD um desafio.
O que é o CBD exatamente?
O CBD, ou canabidiol, é uma substância encontrada na planta Cannabis sativa. Ele atua no sistema nervoso central e é usado principalmente para tratar alguns tipos de epilepsia. Além disso, o CBD pode ajudar no tratamento de outras condições como ansiedade, doença de Parkinson, doença de Alzheimer e dor crônica.
O CBD é diferente do THC, outra substância encontrada na maconha, porque não causa os efeitos psicoativos associados ao THC. Isso significa que o CBD não faz a pessoa se sentir “alta” ou alterar sua consciência.
Quem pode solicitar CBD no SUS em São Paulo?
Os primeiros beneficiados com esse tratamento serão os pacientes com síndrome de Dravet, síndrome de Lennox-Gastaut e complexo da esclerose tuberosa que enfrentam graves crises epiléticas e resistência às terapias convencionais.
Quais são os critérios para a indicação de CBD?
Os pacientes devem ter persistência de quatro crises epiléticas ao mês, mesmo após uso adequado de duas ou mais medicações durante pelo menos três meses.
Como os médicos podem indicar o tratamento com CBD?
Os médicos precisam preencher um formulário de solicitação com dados gerais do paciente, a quantidade de produto solicitada nos seis primeiros meses e a quantidade de crises epiléticas do paciente ao mês.
Quais documentos são necessários para solicitar CBD?
Além do formulário preenchido pelo médico, os pacientes precisam apresentar exames de imagem e clínicos, como hemograma, níveis de creatinina e eletrólitos no sangue, e exames que avaliam o funcionamento do fígado.
Como é feita a distribuição do CBD após a prescrição?
Após a prescrição chegar às farmácias, ela é enviada para analistas da Secretaria de Saúde do Estado para avaliação dos documentos e envio do medicamento.
Crianças podem usar esse medicamento?
O acesso não será permitido a crianças menores de dois anos, conforme determina resolução da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que autorizou os produtos de Cannabis no Brasil. Essa determinação levanta questionamentos de associações de pacientes, já que muitos bebês apresentam epilepsia de difícil controle antes de atingir essa idade.
Importante: Caso a frequência das crises epilépticas não diminua em pelo menos 30% a cada seis meses, a oferta do medicamento será interrompida.
A luta continua!
Atualmente, em São Paulo, o Sistema Único de Saúde (SUS) deu um passo significativo ao incorporar o CBD para o tratamento de três síndromes epiléticas raras. Essa conquista, embora notável, deixa à margem um grande grupo de pacientes que poderiam se beneficiar do CBD: aqueles com autismo, dor crônica, ansiedade, Alzheimer e doença de Parkinson. Para essas pessoas, o acesso ao CBD permanece um sonho distante.
A luta agora se volta para a expansão do oferecimento do CBD pelo SUS, para que não seja um privilégio de poucos, mas um direito de muitos. O acesso ao CBD é mais do que uma questão de política; é uma questão de humanidade. E enquanto houver um único paciente em espera, a batalha continuará, incansável e cheia de esperança.
A inclusão do CBD no SUS é um reflexo do crescente reconhecimento mundial de seus benefícios terapêuticos. Estudos internacionais têm demonstrado que o CBD pode ser eficaz no tratamento de uma variedade de condições médicas, além das epilepsias raras. No entanto, a realidade brasileira ainda é marcada por uma série de dificuldades burocráticas e de regulação que limitam o acesso a este tratamento promissor.
A necessidade de uma política de saúde mais inclusiva é evidente. Pacientes com autismo, por exemplo, poderiam se beneficiar enormemente do CBD, que tem mostrado potencial para melhorar a comunicação e reduzir comportamentos repetitivos. Da mesma forma, indivíduos que sofrem de dor crônica, ansiedade, Alzheimer e doença de Parkinson também poderiam ter suas vidas transformadas pelo acesso facilitado ao CBD.
A luta por esse acesso é uma luta pela dignidade e qualidade de vida. A cada dia que passa sem a expansão do acesso ao CBD, pacientes e suas famílias enfrentam uma realidade de sofrimento e desesperança.
Por isso, a mobilização da sociedade em torno dessa causa é tão importante. Associações de pacientes, profissionais da saúde e defensores dos direitos humanos estão unidos em um movimento que busca sensibilizar o poder público e a sociedade para a urgência dessa questão. Eles pedem por uma revisão das políticas de saúde que permita a todos os brasileiros, independentemente de sua condição médica, o direito ao tratamento e ao alívio que o CBD pode proporcionar.