No mês de fevereiro, uma cor especial ganha destaque nos calendários e corações de milhões de pessoas ao redor do mundo: o laranja. É o “Fevereiro Laranja”, um período dedicado a conscientizar sobre a Esclerose Múltipla (EM), uma doença neurológica crônica que afeta o sistema nervoso central.

Para quem vive com Esclerose Múltipla, cada dia é uma jornada de superação, enfrentando sintomas imprevisíveis que podem variar desde formigamento, dormência, dor, ardor e coceira nos braços, pernas, tronco ou face e, algumas vezes, uma menor sensibilidade ao toque. Também são comuns sintomas como perda de força ou destreza em uma perna ou mão, que pode se tornar rígida e problemas com a visão. 

Diante desse quadro complexo, o acesso a tratamentos eficazes é importante para controlar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

No entanto, o acesso aos tratamentos para Esclerose Múltipla pode ser um desafio em muitos países, incluindo o Brasil. Os medicamentos mais modernos e eficazes muitas vezes têm um custo elevado, tornando-os inacessíveis para grande parte da população. Além disso, o processo para obter acesso a esses tratamentos pode ser burocrático e demorado, o que pode agravar o sofrimento e a ansiedade dos pacientes.

Tratamento 

Quando o médico confirma o diagnóstico de esclerose múltipla, iniciar o tratamento se torna essencial. Esse tratamento tem dois objetivos principais: diminuir os surtos e tentar espaçar o tempo entre eles. 

Nos surtos agudos, os corticosteroides são medicamentos úteis para melhorar a intensidade dos sintomas. Já para tentar evitar que esses surtos aconteçam com tanta frequência, são utilizados medicamentos imunossupressores e imunomoduladores. No entanto, é importante ressaltar que mesmo com esses tratamentos, os surtos ainda podem ocorrer.

Além dos medicamentos, algumas recomendações podem ajudar a melhorar a qualidade de vida dos pacientes com esclerose múltipla:

  • Praticar exercícios físicos regularmente, pois eles podem fortalecer os ossos, melhorar o humor, ajudar no controle do peso e reduzir a fadiga.
  • Quando os movimentos estão comprometidos, a fisioterapia pode ajudar a melhorar a coordenação motora, dando ênfase à contração dos músculos que ainda funcionam adequadamente.
  • A fisioterapia, em conjunto com certos medicamentos, também pode ajudar a reeducar o controle da bexiga e do intestino.
  • Durante os surtos agudos da doença, é aconselhável que o paciente descanse e evite esforços físicos, para não sobrecarregar o corpo durante esse período delicado.

Essas recomendações não só ajudam a lidar com os sintomas da esclerose múltipla, mas também contribuem para uma melhor qualidade de vida e bem-estar geral do paciente. É importante sempre seguir as orientações médicas e buscar o apoio de profissionais de saúde especializados para garantir o melhor tratamento possível para a condição.

Terapias de reabilitação, acompanhamento multidisciplinar, suporte psicológico e programas de educação e autocuidado também são fundamentais para ajudar os pacientes a enfrentar os desafios físicos, emocionais e sociais da doença.

Novidade no SUS 

Pacientes com Esclerose Múltipla (EM) remitente recorrente têm uma nova esperança de tratamento disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Desde o final de 2023, a cladribina oral, um medicamento que reduz as reações inflamatórias causadas pela doença, foi incorporada como uma opção adicional. Isso é especialmente importante para aqueles que não podem usar ou não responderam ao tratamento que já estava disponível no SUS.

Inicialmente, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) não recomendou a inclusão da cladribina oral, já que haviam incertezas por causa dos gastos. No entanto, após uma nova avaliação, levando em conta uma proposta de preço mais acessível, percebeu-se que valeria a pena para o SUS. Além disso, novas pesquisas científicas mostraram que a cladribina oral pode ser eficaz por longos períodos. A grande vantagem é que esse medicamento é tomado por via oral, o que facilita a vida dos pacientes, já que eles mesmos podem administrá-lo. O tratamento dura no máximo 20 dias nos dois primeiros anos, o que significa menos consultas e menos custos. Pacientes que já experimentaram esse medicamento relatam que a doença está controlada e não está piorando. 

Essa novidade traz esperança para aqueles que vivem com Esclerose múltipla, oferecendo uma opção de tratamento que pode melhorar sua qualidade de vida e proporcionar maior controle sobre a doença. É importante que os pacientes conversem com seus médicos sobre essa nova opção e discutam se é adequada para o seu caso específico.

É possível levar uma vida normal tendo a doença?

Com o tratamento correto, o paciente pode passar longos períodos sem surtos e ter qualidade de vida. Para isso, é muito importante o diagnóstico rápido, pois quanto mais cedo começar o tratamento, melhor.

É importante ressaltar que o acesso a tratamentos eficazes para a Esclerose Múltipla não é apenas uma questão de justiça social, mas também uma questão de saúde pública. Controlar a progressão da doença não apenas melhora a qualidade de vida dos pacientes, mas também reduz os custos associados aos cuidados de saúde a longo prazo, aliviando o fardo sobre os sistemas de saúde e a sociedade como um todo.

Além disso, investir no acesso a tratamentos para a Esclerose Múltipla é investir no potencial humano. Muitas pessoas diagnosticadas com a doença continuam a levar vidas plenas e produtivas, contribuindo de maneira significativa para suas famílias, comunidades e sociedade em geral. Garantir que essas pessoas tenham acesso aos tratamentos de que precisam é também uma decisão inteligente e compassiva.

À medida que celebramos o Fevereiro Laranja e renovamos nosso compromisso de apoiar aqueles que vivem com Esclerose Múltipla, é crucial lembrar que a luta pela igualdade de acesso aos tratamentos é uma jornada coletiva. Cada um de nós tem um papel a desempenhar, seja defendendo políticas públicas mais inclusivas, apoiando organizações de pacientes ou simplesmente sendo solidário e compassivo com aqueles que enfrentam essa doença todos os dias. Juntos, podemos fazer a diferença e garantir que ninguém seja deixado para trás.

Leia também: CBD e Esclerose Múltipla

Compartilhe